Qual não foi a surpresa ao
vermos o palco ser tomado por 5 músicos, todos eles vagamente
familiares. Mas isto apenas para quem já tinha andado a percorrer os
vários trilhos desenhados para os dois dias seguintes. Ainda assim a
dúvida persistia, e a ser real a anunciada estreia, a ansiedade aumentou
em segundos, pois não tínhamos nada com que nos guiar, apenas a
referência aos Janitors, o que por si só era já uma referência bastante
forte.
Aos primeiros acordes a
suspeita ou a dúvida esfumaram-se… ou agudizaram. Ou estávamos perante a
melhor banda de covers de sempre ou eram mesmo os Janitors pois de
imediato se reconheceu a toada poderosa de “Here They Come” do Ep de
2014, Evil Doings of an Evil Kind.
O som enche a sala, cria uma
atmosfera densa e sedutora. Os cinco músicos enchem completamente o
palco mas a interação entre eles é já de tal forma intrínseca e natural
que todo o concerto parece coreografado ao milímetro.
Trazem-nos Trojan Ghost e
Blizzard e também a épica A-Bow, música etérea com cerca de dez minutos
que nos captura para uma viagem extra corpórea.
Vão buscar-nos fora do nosso corpo com Greed e Message.
No meio de todo o turbilhão
de sentimentos que a música nos desperta, duas coisas importantes a
reter; o autocolante na guitarra de Henric Herlenius (Noise Against
Fascism), que num mundo cada vez mais fechado sobre si próprio e com
cada vez menos mensagem real e atuante causa impacto e nos leva a
pesquisar um pouco mais sobre a banda e as suas fontes de inspiração.
É fascinante a entrega destes
cinco músicos ao que fazem e como escolhem através da música que fazem e
dos seus concertos tornar-se um veiculo inspirador e instigador da
tolerância.
Nas palavras deles : “Este
registo é uma declaração de intenções. É uma chamada de armas ao nosso
lado. É um pequeno protesto. Seja contra a fé nas falhas religiosas de
falsos profetas aclamados por si mesmos ou clero intocável de alto
poder, egoísmo capitalista, idiossincrasia racista ou fascismo
contundente escondido na ignorância.”
Um excelente concerto com uma
ou mais componentes inesperadas. Uma banda que afinal era outra e a
descoberta das suas intenções na sua passagem pelo mundo.
Mas a noite iria continuar ainda com os Zanibar Aliens
e o seu rock pincelado de blues que de imediato nos remete às melhores e
maiores referências da década de 70 nessa área da música.
A sala encheu-se um pouco
mais, percebeu-se bastante bem que muitos dos presentes estavam ali para
os ver e os Zanibar Aliens fizeram questão de dar o seu melhor em cada
música criando uma atmosfera divertida e cheia de groove, que continuou
depois pela mão do Nuno Rabino, incrível Dj residente do Sabotage Club.
Texto - Isabel Maria
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