Songs To Nowhere#109#Trendkill Radio#6.09.2021

Slift – Space is the Key, Replicar o espaço





Space is the Key é o nome do primeiro Ep do trio oriundo de Toulouse, Slift. Soam a algo entre Meatbodies, The Ohh Sees, King Gizzard e outros que tais mas trouxeram ao éter uma energia renovada. Se é certo que as “influências” são notórias, a verdade é que isso não lhes retira nem um pouco o mérito. vão passar por Portugal no âmbito da Iberian Tour com quatro datas; Leiria (Texas Bar, 17/07), Porto (Woodstock 69, 18/01), Lisboa (Sabotage Club, 19/01) e Barcelos (CCOB, 20/01). Aconselhamos seriamente a que não percam esta oportunidade!
O EP Space is The Key viu a luz do dia em Junho de 2017 pela editora Howling Bananas. São 36 minutos de pura distorção e energia electrizante. Pouco mais apetece que pular e a primeira coisa que me assaltou o pensamento aos 120 segundos de audição de Dominator foi “Como será que este trio se comporta em palco?” Basta ir espreitar alguns vídeos da banda ao vivo. A energia é contagiante e agarra o público enchendo a atmosfera de uma energia solta e juvenil.



Portanto o trio francês fez um Ep de 36 minutos onde condensou uma série de influências e por mero acaso todas elas exemplos de bandas com uma energia de palco avassaladora.
Dominator é a faixa de abertura e é através dela que entramos num fuzz sujo, com uma bateria demoníaca! Excelentes ingredientes para os que gostam de pular! Por outro lado as letras são de uma crueza naive, mas dura. “You Dominator, I see my future in your eyes”, ou ainda em “The Sword” onde afirmam peremptoriamente “We’ll never meet again, it’s all I know”. Assim, a toda esta energia e vivacidade crua e mágica, juntamos o ingrediente negro dos Slift, as suas letras obscuras e fortes, decididas e certeiras. “Sound in my Head”, um pouco mais pesada com uns riffs mais arrastados mantém a banda no rumo certo, na esteira da construção de um EP que nos dá que pensar, mas mais que isso, ou mesmo primeiro que isso, nos transmite uma energia feliz.
Space is the Key, faixa que dá o nome ao Ep, com os seus 10m e 17s, remete-nos para um transe assente na repetição a relembrar clássicos do género e finalizando em grande.
Uma interrogação persiste na audição deste EP: Se ao fazer um EP de 36 minutos o trio causa toda esta ebulição, que irá acontecer quando fizerem um álbum?
Audição obrigatória para todos os que gostam de ritmos frenéticos, guitarras sujas e toneladas de repetição!

+info em slift.bandcamp.com | facebook.com/sliftrock/
Texto – Isabel Maria

https://www.musicaemdx.pt/2018/01/16/slift-space-key-replicar-o-espaco/

Entrevista a Orange Goblin no Sonic Blast Moledo'17, Os gigantes gentis

Aproveitámos a visita dos Orange Goblin ao SonicBlast em Moledo no passado mês de Agosto para uma conversa informal com os elementos da banda.
No activo desde 1995 e com mais de uma dezena de álbuns, Ep’s ou colaborações com bandas como os Alabama Thunderpussy ou Electric Wizard, continuam a fazer uma festa por onde passam com a alegria contagiante com que se tratam e se dão ao público.
Uns autênticos senhores, simpáticos e divertidos a viver a vida um dia de cada vez e a aproveitar o melhor que esta tem para lhes oferecer.
Falámos da sua recente nomeação para melhor banda do Reino Unido, algo que não os parece ter impressionado muito, porque esse não é o seu objectivo. Foi uma conversa barulhenta com os Sasquatch na mesa do lado a trocarem galhardetes com os Orange Goblin, divertidos e sorridentes.
Um daqueles momentos plenos de felicidade no cenário idílico de Moledo onde actuaram nessa noite no palco principal.

Isabel Maria – Estamos muito felizes por ter Orange Goblin de volta a Portugal e desta vez em Moledo! Acabaram de chegar?

Orange Goblin  Não, não, chegámos por volta das dez da manhã, mas como não podíamos fazer check in logo, ficámos por ali mesmo a relaxar.

Isabel Maria – Gostaram da paisagem e das praias?

Orange Goblin – Só passámos pelas praias, não deu para ver muito bem, mas pareceram-nos muito aprazíveis.

Isabel Maria – Vi uma entrevista vossa há algum tempo em que falavam de terem sido nomeados para um prémio…podem falar-nos um pouco sobre isso?

Orange Goblin – Sim, fomos nomeados para melhor banda do Reino Unido, mas não ganhámos…afinal somos só uma banda do Reino Unido, não somos a melhor banda do Reino Unido…(Risos)

Isabel Maria– Mas terem sido nomeados significa que existe reconhecimento por parte do público do vosso valor e do vosso papel na música nos últimos 20 anos. Isso também é bom!

Orange Goblin – Andamos nisto há cerca de 22 anos, e sim de facto é sempre bom ser nomeado, ser reconhecido. Até porque havia lá bandas com uma presença muito maior que a nossa nos meios de comunicação e na internet, e o voto é do público.

Isabel Maria – No fundo a escolha está directamente relacionada com a visibilidade e a presença nos media, mas não foi o público que vos nomeou, certo?

Orange Goblin – Não, não, foi a revista. E isto decerto que está relacionado com a cena da Metal Hammer. Nós ajudámos a recolher fundos quando eles perderam a revista e os trabalhos deles. Angariámos bastante para os apoiar e no fundo acho que é um agradecimento público deles. Mas não há problema.

Isabel Maria – E porque haveria de haver problema?

Orange Goblin – Ah é porque somos fantásticos isso é de certeza!!! Se não prestássemos para nada eles não nos nomeavam, não é? Mas não ligues é que sempre fomos um bocado auto depreciativos da nossa cena…é uma cena nossa.

Isabel Maria– Mas se andam aqui há 22 anos a dar-nos música de certeza que estão a fazer isto bem!

Orange Goblin – ou estamos a fazer qualquer coisa bem ou não estamos a fazer nada  bem, que é na realidade o que fazemos bem, que é fazer tudo mal! Se estivéssemos a fazer bem já não o estaríamos a fazer ao fim de 22 anos.

Isabel Maria– Nesse caso ainda estão a aperfeiçoar?

Orange Goblin – Sempre!!!



Isabel Maria – O vosso último disco, Back from the Abyss saiu em 2014, já tem planos para um sucessor?

Orange Goblin – Nós temos as gravações mais ou menos marcadas para Janeiro de 2018 para lançar  em Maio ou no início do verão… esperamos conseguir escrevê-lo porque por enquanto só temos algumas ideias, talvez o esboço de umas quatro ou cinco músicas. O disco deve ter umas oito ou nove por isso….estamos lançadissimos e está tudo a correr lindamente!
A questão não é escrever e compor…nós até escrevemos bem, mas apenas sob pressão.

Isabel Maria – A pressão de cumprir um prazo ajuda?

Orange Goblin – Nós sabemos que vamos estar no estúdio num determinado dia, e deixamos tudo suspenso até ao ultimo minuto, sempre a queimar os prazos. Mas é a forma como funcionamos melhor. Sempre foi.

Isabel Maria  – Isso reflecte-se também no vosso estilo e na vossa forma de estar?

Orange Goblin – Sim, não gostamos de fazer músicas e deixá-las andar até gravar passado um ano…porque senão quando as gravamos já estamos completamente fartos daquilo.

Isabel Maria – Como se já não vos fizesse qualquer sentido?

Orange Goblin – Um bocado isso também, porque já não estamos a sentir a mesma coisa, porque já não é aquilo que queremos dizer, ou simplesmente porque já não é novidade!
E quanto mais cedo começamos mais alterações fazemos porque depois estamos sempre a mexer e a alterar coisas…e quando gravamos aquilo já não tem nada a ver com a ideia inicial.
Assim é mais excitante; dizem-nos: “Tem dois meses para gravar isto!” E nós gravamos. É mais fresco, mais excitante correr contra o tempo.
Gostamos de fazer as coisas sem pensar demasiado nelas.

Isabel Maria  – Estiveram cá em 2015 no RCA em Lisboa…
Orange Goblin – Yeah!!! Foi espectacular! Foi a única data em Portugal nessa tour e o público fez daquilo uma festa brutal!!! Por isso é que gostamos de voltar cá!

Isabel Maria – Temos imensa gente à vossa espera hoje!
Orange Goblin – Ah Já descobriste o truque da pressão! (Risos)

Isabel Maria – E estão a gostar de Moledo?

Orange Goblin – Sim! O ambiente é espectacular! Vê-se que está toda a gente a adorar! O sitio é lindíssimo…e nós não temos vontade nenhuma de ir embora amanha! Acho que nos vamos mudar para cá …(risos), toda a gente parece relaxada e completamente dentro do espírito do festival. Estão cá 4000 pessoas, ouvi dizer que começaram há sete anos com cerca de 250 pessoas, vê-se que estão todos felizes e é óptimo fazer parte de um evento destes!

Isabel Maria – Sim está esgotado! Conseguiram ver alguma banda hoje?
Orange Goblin – Íamos ver os Sasquatch, mas mandaram-nos vir comer! (risos)

Isabel Maria– Algumas palavras para o público que vos aguarda daqui a pouco?
Orange Goblin – Obrigado! Temos sido sempre muito bem recebidos em Portugal! Provavelmente não vimos cá tantas vezes quantas as que os fãs desejariam mas sempre que voltamos é uma loucura!

Isabel Maria – Obrigada pelo vosso tempo e até já!!