A meio do SonicBlast Moledo
tivemos a fantástica oportunidade de falar com o Nicholas DiSalvo e o
Jack Donovan, respectivamente guitarrista/vocalista e baixista dos
norte-americanos Elder que foram cabeças de cartaz da primeira noite do festival.
Há já algum tempo e com
alguma expectativa se aguardava a estreia do trio agora quinteto,
americano em terra lusas, tendo inclusivamente existido uma data em 2015
que acabou por ser desmarcada por motivos alheios à banda.
No activo desde 2006 e com 4 discos editados, o
último Reflections of a Floating World em junho deste ano, foi com o
concerto da noite anterior que encerraram a tour, num misto de emoção e
realização. Na verdade todo o concerto se assemelhou a uma quebra no
ciclo viciante que são os Elder.
Encontrámo-los no espaço que a organização do
SonicBlast disponibilizou para press center, descontraídos e a observar
com alguma curiosidade os livros que aí se encontravam e tivemos um
momento de conversa informal e divertida, sobretudo com a intenção de
conhecer melhor as pessoas por detrás da muralha sonora que são os
Elder.
Isabel Maria – Como tem estado? A
espera por um concerto dos Elder em Portugal foi longa! Como sentiram o
concerto de ontem?
Elder – Fantástico. Nós
sabemos disso, e também sentimos um pouco essa antecipação. já viajámos
por quase toda a Europa e Portugal era um dos poucos países onde ainda
não tínhamos tocado. Sentimos essa antecipação por parte do público e
divertimo-nos imenso.
Isabel Maria – Os Elder
andam a tocar e a editar discos desde 2008. Na altura em que começaram
alguma vez vos passou pela cabeça que as coisas iriam atingir esta
dimensão?
Elder – Nunca!! Acho que
nem conseguíamos. Éramos miúdos a tocar na cave das casas dos nossos
pais, éramos uns miúdos de secundário normalíssimos. Estávamos naquele
ponto das nossas vidas em que tínhamos a vida à nossa frente e toda a
gente esperava que fossemos estudar e arranjássemos um emprego….e nessa
altura até podes sonhar em tocar e tudo o mais, mas na realidade
achávamos que isto era impossível…. É como quando gostas de jogar à bola
mas não esperas tornar-te um jogador profissional.
Isabel Maria – Neste momento a música é a vossa principal ocupação?
Elder – Sim….sim é! Quer
dizer nós não ficamos por aí sem fazer nada em casa à espera quando não
estamos em tour. Fazemos bastantes tournées e aí isto torna-se a nossa
ocupação principal mas não porque não queremos trabalhar…na verdade acho
que todos temos outras ocupações.
Isabel Maria – Mas a música também é um trabalho!?
Elder – Sim claro! Só
que é um trabalho divertido! Realmente divertido! Nós não andamos em
tour doze meses por ano, normalmente andamos em tour cerca de quatro
meses…mas ainda assim temos de fazer qualquer coisa durante os restantes
oito meses.
Isabel Maria – Mas
actualmente é a vossa ocupação principal! Que outras ocupações ou
trabalhos preenchem o vosso tempo quando não estão em tour?
Elder – Coisas
relacionadas com a banda.. Eu trabalho para a nossa editora ( Nicholas
), o Jack faz alguns trabalhos de áudio e é canalizador. O nosso
baterista tens uns trabalhos estranhos e é dono de uma loja de bebidas.
Isabel Maria – Neste álbum tem dois músicos convidados. Esse crescimento influenciou este trabalho?
Elder – Influenciou. Nós
já tínhamos uma certa ideia de trazer outros músicos que pudessem
adicionar diferentes texturas ou instrumentos ao álbum, como o Mike, que
tocou Pedal Steel Guittar em algumas músicas do disco e ao
acrescentarmos alguns instrumentos que nunca se tinham ouvido nas nossas
músicas as coisas mudaram um pouco. Um dia gravámos uma jam de cinco
horas e pensámos que iríamos aproveitar muito desse material no disco
mas no final acabámos por usar muito poucas dessas coisas. Acabámos por
ficar com imensa música e ideias…Talvez para usar mais tarde.
Tem sido muito bom
termos mais dois músicos connosco. Foi óptimo termos dado este passo em
frente e passar de um trio a um quinteto.
Isabel Maria – Como é que se conheceram?
Elder – O Michael
Risberg que é quem está a tocar a guitarra e teclas, andou comigo (
Nicholas ) na universidade e tocámos junto numa banda chamada Gold &
Silver. Há uns anos atrás gravámos um disco para uma editora francesa…o
Michael Samos é gerente da loja de guitarras da nossa cidade natal e eu
vou lá todas as semanas. É um tipo super simpático e um dia
convidámo-lo para uma jam.
Isabel Maria– Um processo natural portanto, certo?
Elder – Sim. E com pessoas que conhecemos e com quem temos laços de amizade e coisas em comum.
Isabel Maria - O nome do
vosso novo álbum, soa vagamente a uma declaração de intenções ou um
conselho, ou quem sabe advertência. É essa a intenção?
Elder – Sim, penso que tem vagamente o seu quê de advertência, mas cada um pode interpretá-lo à sua maneira.
Eu gosto de pensar que
as músicas refletem coisas que vivenciei na minha breve vida. Mas
especialmente que refletem coisas e eventos desde que a banda começou. E
cada música é uma música e fala por si.
Isabel Maria – Quem fez a capa do vosso disco?
Elder – O nosso bom
amigo Adrian Dexter faz a maioria das nossas ilustrações e t-shirts.
Existem outros artistas com quem colaboramos mas é o Adrian que faz
quase tudo, principalmente as capas. Crescemos com ele e agora ele vive
na Dinamarca onde trabalha em animação, mas todos os anos ele faz uma
pausa no trabalho dele e faz parte da tour connosco a fazer projeções
durante os nossos concertos. Infelizmente ele não pode vir connosco
desta vez. Talvez para a próxima.
Isabel Maria – Quais são
as bandas que consideram ser os vossos clássicos. Aquelas que fazem
parte da vossas escolhas desde sempre ou às quais retornam sempre?
Elder – Vengaboys!! !!!
Definitivamente! (Risos) E ora bem clássicos…eu ando a ouvir os mesmo
discos desde os 15 anos mas talvez Motorpsyco, Thin Lizzy os Yes….eu
oiço tanta musica que torna-se muito difícil escolher…
Isabel Maria – E coisas mais recentes ou que vos tenham despertado a atenção recentemente?
Elder – Ah…Não sei! Essa é aquela pergunta mesmo difícil e embaraçosa…
Não ouvimos assim muita
coisa recente mas os Weedpecker, uma banda polaca fantástica, ou os
Papir, outra banda fantástica, o SonicBlast deveria trazê-los para a
próxima edição. Outra banda fantástica são os NeedlePointe, uma cena
mais prog rock e um tanto ou quanto obscura.
Isabel Maria – Vão ficar para ver alguns concertos?
Elder – Dois terços de nós vão ficar! (Risos)
Isabel Maria – Algum concerto em especial agora durante a tarde no palco junto à piscina?
Elder – Há um palco junto a uma piscina? Vamos ter de ir ver isso melhor!
Isabel Maria– Algumas palavras para o público do SonicBlast?
Elder – Sejam excelentes uns para os outros e divirtam-se!!!!!!