Os Ghost não deixaram nada ao acaso no passado sábado, e cerca de um ano e meio depois da dupla estreia em terras portuguesas, a banda sueca apresentou-se novamente em Lisboa, desta feita na Sala Tejo da Meo Arena, na véspera do domingo de Páscoa para o quinhão português da Popestar Tour.
Tal
como na estreia foi notório o entusiasmo por parte dos fãs nas redes sociais
nos dias que antecederam o concerto e estes corresponderam mesmo em bom número
apesar do fim de semana prolongado, a uma missa negra que se anunciava bastante
pungente.
Num
registo de pontualidade irrepreensivél, a primeira parte a cargo dos norte
americanos Zombi, começou às 21h e durante os cerca de 40 minutos de concerto
foram bastante aplaudidos pelo público que apesar de ansioso pela banda
principal não deixou de agradecer a qualidade deste duo de multinstrumentistas
composto por Steve Moore e A.E. Paterra que se apresentam num registo próximo
do rock progressivo com algum electrónico à mistura.
Já
passavam alguns minutos das 22h, quando cerimoniosamente três elementos se
apresentam para destapar os intrumentos em palco que permaneceram tapados
durante a primeira parte, dando logo origem a manifestações de júbilo por parte
do público que aguardava ansioso.
Uma
prolongada entrada acentuadamente dramatizada pela música de fundo, parte de
toda a encenação, “Misere Mei, Deus” de Gregorio Allegri e “Masked
Ball” de Jocelyn Pook que faz parte da banda sonora do filme Eyes Wide
Shut (recordam-se da cena de iniciação na mansão?) ambas potenciadoras da
imagem dos Ghost, o culto.
E
quando já a multidão se agitava com alguns esporádicos gritos eis que Papa
Emeritus III e os seus Nameless Ghouls surgem em palco nas suas vestes e
roupagens de cerimónia debitando de imediato Square Hammer e From the
Pinacle to the Pit, Con Clave Con Dio, tendo
quase toda a sala a cantar e acompanhar o ritmo vertiginoso das músicas
debitadas. Só após Per
Aspera Inferi Papa Emeritus III questiona os fãs ; “It is saturday in
Lisbon, have you been drinking well? Have you been eating well?...i know you
like those gastronomic stuff”, para introduzir o tema seguinte, “We are
gonna do a song about eating flesh and drinking blood….Have you been eating
flesh and drinking blood Portugal?”
Papa
Emeritus III, um provocador nato, e se as coisas são como realmente se
anunciam, faz todo o sentido que assim o seja,
informa o público que duas “irmãs” irão presentear os presentes na
primeira fila com algo, mas adverte-os para não lhe lamberem os dedos, pois,
tudo isto é simbólico, um gesto de apreço...
Body and Blood, recebida pelos fãs em júbilo, assim
como quase todo o set, que inclui temas de todos os registos dos Ghost. Devil’s
Church, Cirice, Year Zero… Há tempo para tudo, até para uma mudança de
indumentária. Há tempo para tornar todo o concerto uma celebração elaborada que
não defrauda os que assistem. O diálogo com o público continua, num registo de
entertainer das trevas provocador e bem humorado, “Do you like heavy songs,
really really heavy songs?”, e qual maestro comanda a turba em “Absolution”.
Mummy Dust, Ghuleh/Zombie Queen e Ritual que completam um concerto que é um
pouco mais que apenas isso.
Olhando
à volta, o público é coerente com a sonoridade e a imagem, não sendo de todo a
imagem generalizamente difundida da banda coerente com as mensagens
transmitidas.
Já
depois de aplaudidos os Nameless Ghouls que acompanham Papa Emeritus III, no
encore houve ainda tempo para mais dois dedos de conversa descontraída com o
público, reclinado sobre um dos monitores, e desta vez sobre o orgasmo
feminino, o que, para não destoar suscitou assobios e
palmas. Tudo isto para introduzir o viria a ser o último tema da noite, Monstrance
Clock.
Contas feitas, antes da meia noite dois concertos e
uma sessão dedicada à luxúria, caso para dizer, quem nunca pecou que atire a
primeira pedra.
Sem comentários:
Enviar um comentário