Coube aos Capitão Fantasma a abertura da festa que comemora o 4º aniversário do Sabotage Club, e assim quinta feira à noite esta sala que já tem lugar cativo nos nossos corações e agendas, abriu as portas a um público heterogéneo que na sua maioria veio rever Capitão Fantasma.
Estas coisas não acontecem por acaso mas proporcionam-se
muitas vezes pelo acaso de amizades antigas. O que dá um maior sentido a toda a
ocasião, maior até que o profissionalismo de todos os intervenientes.
O início tardou um pouco e sentia-se um misto de
ansiedade e felicidade na sala.
Muitas caras conhecidas, e algumas menos conhecidas,
pessoas já bem crescidas, outros acabadinhos de ganhar passagem para poder ver
Capitão Fantasma no Sabotage, mas, comum a todos a ansiedade pelo momento, que
se sabe sempre imprevisível.
Já passavam alguns minutos das 23h quando os Capitão
Fantasma entram em palco e destilam imediatamente Beijo da Morte, Ratoeira
e Lobisomem, dando ao público exactamente o que este havia pedido;
força, garra, caos. O público acotovela-se na frente para ver a banda, e
Jorge Bruto numa dança louca e frenética consegue levantar toda a sala. Uns dançam,
quase todos cantam, outros saltam, e todos pedem mais. Os fotógrafos não têm
mãos a medir, querem agarrar todas as expressões, todos os pedaços de Jorge,
Bruno, Alexandre e Oscar. São amigos mais até que integrantes da mesma banda.
Definitivamente muito mais os une que aquilo que vemos em palco.
Soutien Negro, Canção do Carrasco, Fome, seguidos de Se eu
enlouquecer, Jorge Bruto a livrar-se das amarras, da camisa, dos óculos,
cerveja pelo ar e muita gente feliz inundada de uma energia irreal a raiar a
loucura.
Jorge Bruto rebola no palco, deita-se na bateria, voam
os óculos, voa a camisa, voa o microfone, em suma o caos!
E apesar de em certos momentos se perceber o real
cansaço que lhe pesa, não há contrariedade que o impeça de se levantar e voltar
a saltar, e haverá quem se questione decerto, onde vai ele buscar aquela força
que o transforma num furacão assim que pisa o palco.
Rock das Caveiras e o centro da sala gira como uma espiral
de loucura para o abismo, voa cerveja, os fotógrafos invadem o palco,e num
crescendo onde entram Percepção Alterada, Festa do Enterro, Ódio
Sexo, Facas, Mortos que culmina num Tudo à Estalada
mais que entoado a sobrepôr se aos próprios músicos e a encher completamente a
sala suada e feliz.
Haverá tempo para o encore….isto não pode acabar assim
dizem uns, ninguém acaba assim dizem outros. Mas poderia perfeitamente ter
acabado. Só que os Capitão Fantasma não chegaram até aqui a negar-se ao seu
público e assim ainda se ouviram 20 anos e Cidade do Ódio, com
Jorge Bruto a mergulhar e a ser absorvido pela multidão que o abraça e saúda!
Terminado o concerto, semeado o caos na medida certa da
realidade de uma quinta feira à noite. Não se pode pedir mais que isto no
aniversário de um clube de rock. A mostra real e inequívoca que o rock não tem
idade, não tem sexo, não envelhece e pode ser levado até às últimas
consequências do caos.
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