A banda de
Brooklin, Pavo Pavo apresentou-se ontem em Lisboa, no Music Box, para
apresentar o seu primeiro registo. Young
Narrator in the Breakers, editado no outono de 2016 é um disco que traz
nele contido uma pop optimista, mas protegido por um ambiente de atmosfera
intimista na maior parte do tempo. Existia assim alguma curiosidade em ver a
transposição do mesmo para uma actuação ao vivo.
À primeira
vista, o quinteto parece ter saído de uma máquina do tempo, vindos de um
espaço/tempo compreendido entre os anos 50 até aos anos 70 do século XX, já a
sonoridade encontra-se completamente no espectro de uma pop desta década, mas
que ao mesmo tempo remete para memórias felizes e que nos fazem sorrir.
O começo foi
morno, como uma primeira brisa primaveril, enfatizada pela voz cristalina
de Eliza Bagg em clara harmonia com as vozes de Oliver e Ian, respectivamente
guitarrista/teclista e baixista. Esse morno começo salpicado de primavera
aqueceu à medida que o concerto se desenrolava e ao tocarem "John, a little time" já se sentia
mais que a brisa inicial. A transposição do álbum para o registo ao vivo é bem
conseguida e traz mais dinâmica do que o expectável dando ares de prelúdio
festivo.
Oliver Hill
num dos poucos momentos de conversa com o público pergunta quantos ali
presentes já estiveram em Nova York e confessa-se apaixonado pela cidade.
As canções
mornas e suaves, de Young Narrator in the Breakers ganham em palco um corpo mais denso,
onde se sente mais o ritmo da bateria e até as próprias guitarras ganham mais
destaque.
No entanto, o que
distancia a prestação ao vivo do albúm, é o maior ênfase no sintetizador e nas
teclas de Eliza e Oliver, que lhes confere o tal tom atmosférico e matizado da
viagem no tempo, acentuada pela estética e até pelo guarda roupa dos músicos,
capaz de nos transportar a memórias distantes, até áqueles episódios e séries
de ficção cientifica tão popularizados nos anos 50 na América e que por cá
passaram na nossa televisão nos anos 80.
Ruby ( let's buy the bike) e Wiserway, com uma pequena jam entre
ambas as músicas, terão sido o
momento chave a confirmar a empatia suave que mantém a prestação dos mesmos num
registo agradavél ao público.
Annie Hall, No Mind e o single Ran Ran Run finalizaram a viagem pela
atmosfera sci-fi dos Pavo Pavo com palmas e agradecimentos à mistura.
Podemos
falar de um saldo positivo nesta estreia morna, mas bem recebida pelo público
que enchia cerca de meia casa.
Nunca será
demais salientar que não é facil arriscar e trazer bandas novas, pouco
conhecidas, com apenas um albúm lançado há menos de um ano. É provavél que na
próxima visita as coisas sejam já diferentes, pois para lá de gostos ou géneros
marcados para o sucesso, consegue vislumbrar-se o potencial para crescer quer
no etér das ondas hertzianas, quer em palco deste optimismo quase pueril, mas
ao mesmo tempo nostálgico que transpira das melodias dos Pavo Pavo.
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