Encontramo-nos neste momento a poucas horas do inicio do SonicBlast’17 em Moledo do Minho, e a Música em DX esteve à conversa com os The Well, uma das bandas estreantes em solo português na sétima edição do festival.
Este trio, natural de Austin, Texas,
composto por Ian na guitarra e na voz, Lisa no baixo e Jason na bateria,
traz-nos sonoridades que podem ir do doom até a um certo psicadelismo,
materializado em sensações mais densas. Tivemos oportunidade de lançar
algumas questões para os conhecer um pouco melhor e o trio contou-nos
como se formaram e no que andam neste momento a trabalhar. Com dois
álbuns editados, Samsara e Pagan Science, ambos bastante sólidos na sua
ideia musical, aguarda-se um concerto “ruidoso, sexy e estranho.”
Música em DX (MDX) – Podem apresentar os The Well aos nossos leitores e contar-nos como começaram a tocar juntos?
The Well – O Ian (guitarrista e
vocalista) tinha sido expulso da banda dele e a Lisa encheu-o de whisky
numa tentativa de o fazer sentir melhor, só que isso levou à grande
ideia de voltar para a garagem dela e aí começar a tocar juntos todas as
noites. A Lisa no baixo e o Ian a tocar guitarra e o pedal do bombo. E
foi essa a génese de uma série de novas ideias.
Assim que houve material suficiente
chamámos o Jason (baterista) que também tinha sido expulso da mesma
banda que o Ian e foi assim que se formaram os The Well.
MDX – Como escolheram o nome da banda?
The Well – The Well apareceu como opção
Wi-Fi numa ocasião em que estávamos completamente pedrados no meio do
nada, fora de Austin. Nós achámos que aquilo era um sinal, uma oferenda.
MDX – Como é que conheceram a vossa editora?
The Well – O dono da editora era um fã
que comprou o nosso primeiro single através do bandcamp. Quando gravámos
o Samsara e começámos a procurar, acabámos por nos conhecer através de
uma série de amigos em comum e após uma conversa telefónica percebemos
que tínhamos encontrado a nossa editora.
MDX – Como estão a desenvolver as vossas músicas actualmente?
The Well – Não é de forma nenhuma uma
ciência exacta, mas normalmente começa com um riff qualquer na nossa
sala de ensaio. Qualquer coisa que é boa de tocar vezes sem conta de tal
forma que nem te apercebes que o tempo passa. Como se fôssemos sugados
para dentro dele. O Ian vai para casa e fica agarrado à melodia até de
madrugada e vai-se vendo que tipo de conversas e ideias vão surgindo. Às
vezes as letras surgem imediatamente outras vezes o riff pede uma
mudança ou mais qualquer coisa para além do que já temos, às vezes
ambos. Depois ele leva o que daí resultou para o ensaio seguinte e
seguimos a partir daí.
MDX – Na vossa biografia afirmam-se como grandes fãs de filmes de terror. Isso influencia a vossa música?
Há algo visceral e um certo sentimento
melancólico que retiramos daqueles filmes antigos de terror. Como as
primeiras coisas de Mario Bava mas especialmente de George Romero que
realmente nos dizem qualquer coisa. Nós gostamos que os nossos ritmos
sejam semelhantes embora as letras nos levem a todos os lugares, e
gostamos daquela incerteza planeada inerente a esses filmes antigos. No
entanto não queremos definitivamente rotular-nos como uma banda de
horror rock ou horror metal. Já existem muitas bandas a fazer isso.
MDX – O vosso álbum Pagan Science saiu em 2016. Já estão a trabalhar em temas novos ?
The Well – Claro! Estamos constantemente
a trabalhar em coisas novas e à procura de fontes de inspiração. Por
exemplo, ultimamente o Ian tem estado obcecado com um psicoterapeuta
chamado Whilhelm Reich cujas ideias irão decerto surgir algures no
próximo álbum. Esperamos lançar o nosso terceiro álbum em 2018.
MDX – Quem são as vossas maiores influências?
The Well – Em termos de outras bandas,
tudo o que seja simples, pesado e levemente repetitivo. Coisas que mudem
a nossa normal perceção da realidade. Claro que os Sabbath fazem parte
desse grupo, mas também bandas como os Buthole Surfers, Joy Division e
as primeiras coisas dos Gratefull Dead são determinantes em algumas
opções que fazemos na forma como fazemos música, mesmo que não pareça.
MDX – Se tivessem uma máquina do tempo com quem gostariam de tocar?
The Well – Provavelmente gostaríamos de
ir até ao final dos 80’s, inicio dos 90’s e tocar com os Ministry,
Buthole Surfers ou os Jesus Lizard! Estas bandas são todas de Austin??
MDX – Sabemos que enquanto banda é a primeira vez que tocam em Portugal, mas já haviam visitado o país antes?
The Well – Não….nunca estivemos em Portugal, mas mal podemos esperar por aí chegar!
MDX – Conhecem alguma música portuguesa?
The Well – Não conhecemos muito de
música portuguesa, mas sugeriram-nos que ouvíssemos Amália Rodrigues e
os Ekos, no entanto estamos ansiosos para ver o que se passa em Portugal
em termos de música!
MDX – O que podemos esperar do vosso concerto no SonicBlast?The Well – Vai ser ruidoso, sexy e estranho.
Entrevista – Isabel Maria